Pancreatite

O pâncreas é um órgão cuja forma lembra uma folha; possui aproximadamente 13 centímetros de comprimento, localizado na parte superior do abdome, atrás do estômago e envolvido pela primeira porção do intestino delgado, o duodeno. Possui um ducto, chamado de pancreático, que se comunica com o ducto biliar, o colédoco, por onde drenam as enzimas digestivas e os hormônios por ele produzidos.

O pâncreas é uma glândula e possui três funções principais:

  1. Secretar líquidos contendo enzimas digestivas no duodeno;
  2. Secretar os hormônios insulina e glucagon, que ajudam a regular os níveis de glicose na corrente sanguínea;

Secretar grandes quantidades de bicarbonato de sódio (o produto químico presente no fermento) no duodeno, necessárias para neutralizar os ácidos produzidos pelo estômago.

A inflamação do pâncreas pode ser causada por cálculos biliares, bebidas alcoólicas, vários tipos de medicamentos, algumas infecções virais e outras causas menos frequentes.

A pancreatite normalmente se desenvolve rapidamente e se resolve depois de alguns dias, mas pode durar algumas semanas. Isso é denominado pancreatite aguda. No entanto, em alguns casos, a inflamação persiste e lentamente deteriora a função pancreática. Esse quadro clínico é denominado pancreatite crônica e tem como causas mais frequentes a ingesta excessiva de bebidas alcoólicas e o tabagismo, com o aparecimento de processo inflamatório crônico que substitui o tecido pancreático normal por fibrose.

Na pancreatite aguda, a dor abdominal de forte intensidade localizada em andar superior do abdome que irradia para as costas é o principal sintoma da doença. Mas pode cursar ainda com náuseas e vômitos, assim como, distensão abdominal. Além disso, sintomas como febre e icterícia podem estar presentes ao diagnóstico.

Na pancreatite crônica, a dor abdominal também é o principal sintoma. No entanto, com a evolução da doença surgem sintomas como tontura devida à hipotensão, perda de apetite e de peso, diarreia ou fezes com gordura (como uma película oleosa no vaso sanitário) e sintomas relacionados com o aparecimento de diabetes.

Qual é a sensação da dor da pancreatite?

Pode ser moderada a grave e irradiar para as costas.
A pancreatite aguda tende a ser mais grave. O abdome pode ficar sensível ao toque.
Na pancreatite crônica, a dor pode variar em intensidade. Pode ir e vir, mas normalmente não desaparece completamente.
Para algumas pessoas, a dor é constante.
Pode parecer pior quando: estiver deitado, tossir, fazer exercícios, após comer muito ou apenas após as refeições.
Pode se sentir melhor quando: sentar-se direito, inclinar-se para frente e comer menos.

Diagnóstico

Em geral, o diagnóstico é obtido por meio de exame clínico e levantamento do histórico do paciente: a dor abdominal característica faz com que o médico suspeite de pancreatite aguda, principalmente em pessoas que tenham história de doença da vesícula biliar, consomem bastante álcool ou fumam. Durante o exame, o médico geralmente examina o abdome para ver se está dolorido. Ao auscultar o abdome com um estetoscópio, o médico pode ouvir poucos ou nenhum som intestinal.

A doença será diagnosticada apenas após os resultados de exames de sangue (amilase e lipase) e exames de imagem como a tomografia de abdome.

Na suspeita de pancreatite crônica, exames adicionais, podem ser incluídos como

  1. Glicemia: para ver se o pâncreas ainda está produzindo insulina de forma eficaz;
  2. Provas de função hepática: para análise de possíveis complicações hepáticas;
  3. Outros exames de sangue: para avaliar estado nutricional.

Tomografia Computadorizada do Abdome Superior

Exames de diagnóstico por imagem

As radiografias do abdome podem mostrar alças intestinais dilatadas ou, raramente, um ou mais cálculos biliares. As radiografias do tórax podem revelar zonas de tecido de pulmão colapsado ou acúmulo de líquido na cavidade torácica.

Um ultrassom do abdome pode mostrar cálculos biliares na vesícula biliar ou, às vezes, no ducto biliar comum, bem como detectar inchaço do pâncreas. Esse exame é realizado em todas as pessoas que estão apresentando uma crise de pancreatite aguda pela primeira vez, para garantir que não há nenhum cálculo biliar presente que possa causar mais pancreatite.

Uma tomografia computadorizada (TC) é particularmente útil para detectar inflamações do pâncreas e utiliza-se em pessoas com pancreatite aguda grave. Para esse tipo de exame, a pessoa também recebe uma injeção de um meio de contraste. O meio de contraste é uma substância que pode ser vista em radiografias. Uma vez que as imagens obtidas por TC são tão nítidas, esse tipo de exame ajuda o médico a fazer um diagnóstico exato e a identificar complicações da pancreatite.

Uma colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM), um tipo especial de exame de imagem por ressonância magnética (RM), também pode ser realizada para visualizar o ducto pancreático e o ducto biliar e para determinar se existe alguma dilatação, bloqueio ou estreitamento dos ductos.

E o exame mais indicado após a Tomografia Computadorizada é a Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) que permite ao médico visualizar o ducto biliar e o ducto pancreático. Durante esse exame, é possível a remoção de cálculos que estejam depositados no ducto biliar, promovendo o bloqueio da bile e causando a pancreatite.

Tratamento

O tratamento da pancreatite aguda consiste no jejum, hidratação e otimização da analgesia para o paciente. Em alguns casos, podem ser necessários métodos endoscópicos, como a colangiopancreatografia endoscópica (CPRE), utilizada na extração dos cálculos e drenagem da via biliar. Caso a pancreatite aguda seja causada por cálculo biliar, indica-se o procedimento cirúrgico de remoção da vesícula biliar, a colecistectomia.

O tratamento da pancreatite crônica consiste principalmente na identificação do fator causador da pancreatite crônica e a eliminação desse fator, ou seja, no caso da pancreatite crônica de etiologia alcoólica, suspender a ingestão de bebidas alcoólicas é fundamental. Além disso, podem ser necessárias medicações analgésicas, suplementação com enzimas pancreáticas e uso de medicamentos para o tratamento do diabetes. Nos casos nos quais há pouca resposta ao tratamento clínico, o tratamento cirúrgico deve ser considerado e principalmente se os ductos pancreáticos estiverem dilatados ou se houver uma massa inflamatória em uma região do pâncreas.

Como podemos prevenir a pancreatite? Nem todas as causas são evitáveis, mas podemos reduzir o risco moderando o consumo de álcool; podemos diminuir o risco de cálculos biliares, a outra causa principal, reduzindo o colesterol. Se tivemos um episódio de pancreatite aguda, pode-se ajudar a evitar que isso aconteça novamente parando de beber e fumar; se a causa foi cálculo biliar, a remoção da vesícula biliar pode evitar que ela se repita.

Categorias: Gastroclinic

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