Gastroclinic

Síndrome do Intestino Irritável

SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um termo aplicado a uma associação de sintomas que consistem mais frequentemente de dor e distensão abdominal, constipação e diarreia. Muitos pacientes com SII alternam períodos de diarreia com constipação. Caracteriza-se por uma doença funcional, já que possui ausência de anormalidades estruturais e bioquímicas em todos os exames complementares, laboratoriais e de imagem.

A causa de SII não se encontra completamente esclarecida. Acredita-se que haja uma hipersensibilidade visceral, responsável pelos sintomas, que pode ser agravada pela ingestão de certos alimentos. Admite-se que seja um distúrbio multifatorial relacionado com alterações neurológicas diretamente relacionadas ao intestino. Além da ingestão alguns de alimentos, os sintomas podem ser precedidos de alterações psicossomáticas, principalmente o estresse.

Pacientes portadores de SII relatam dor e desconforto abdominais recorrentes seguidos de um ou mais dos seguintes sintomas: Mudança do hábito intestinal (constipação ou diarreia); Melhora total ou parcial da dor após evacuação; Distensão abdominal e flatulências.

Essa afecção não está relacionada com complicações graves do quadro de saúde do paciente. Trata-se de uma doença benigna e com boa evolução, se abordada adequadamente. Sinais de alarme como sangramento, perda de peso, desidratação e desnutrição grave descartam o quadro de doença funcional. Caso estejam presentes, esses sinais devem ser investigados cautelosamente.

A relação entre a microbiota intestinal e a SII ganhou interesse significativo na pesquisa e no campo clínico como uma fonte potencial e condutora dos sintomas clínicos da SII. O microbioma é um conjunto de genomas de microrganismos que coexistem com um hospedeiro. Este dinâmico ecossistema intestinal, o microbioma intestinal, é habitado por trilhões de microrganismos que auxiliam na absorção dietética, metabolismo e influenciam a regulação inflamatória e imunológica.

As evidências que sugerem o papel do microbioma na causa e patogênese da SII foram bem estudadas, especialmente após o uso de antibióticos ou gastroenterite causada por infecções virais, parasitárias ou bacterianas; no entanto, os dados sobre grupos bacterianos específicos têm sido conflitantes e ainda são inconclusivos. Um dos fatores de risco mais forte é uma gastroenterite bacteriana aguda, na qual um subgrupo de pacientes frequentemente desenvolve SII pós-infecciosa (IBS-PI). Foi bem estabelecido, por meio de estudos da microbiota fecal, que há diversidade bacteriana reduzida em pacientes com SII-PI em comparação com controles saudáveis.

O diagnóstico da SII é clínico, sendo imprescindível que haja uma boa relação médico-paciente. Não há nenhum exame específico para comprovação dessa síndrome, porém alguns exames podem ser solicitados para exclusão de outra doença do trato gastrointestinal.  

A pesquisa de supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SCBID), por meio do teste respiratório, pode ser necessária de acordo com a intensidade dos sintomas apresentados pelo paciente.

Tratamento

Muitos pacientes identificam que determinados alimentos ou bebidas estão relacionados com a piora dos sintomas. Estudos recentes demonstraram que uma dieta rica em alimentos altamente fermentáveis, conhecidos como FODMAPs exacerbam os sintomas da SII. Trata-se de carboidratos de cadeia curta que não são completamente digeridos ou absorvidos e, consequentemente, são fermentados no intestino. O auxílio de nutricionista pode ser indicado para uma dieta individualizada e que reduza os sintomas.

Protocolos recentes demonstram a diversidade no tratamento da SII, tornando evidente a necessidade de uma avaliação de excelência por parte do médico assistente pois alguns medicamentos específicos e individualizados podem ser indicados para melhora dos sintomas e, em alguns casos, o emprego de antidepressivos e psicoterapia.

Contudo é necessário que o paciente seja o principal coadjuvante na descrição de seus sintomas e principalmente no seu tratamento que, na maioria das vezes requer mudanças significativas em seus hábitos de vida.